O SILÊNCIO DAS MULHERES

Em tempos onde, as histórias femeninas foram esquecidas ou distrocidas, a literatura tem o poder de resgatar essas vozes esquecidas pelo tempo. Uma dessas obras é «La Sombra Del Viento», de Carlos Ruiz Zafón, que é mais que um romance de mistério, é uma homenagem á memoria, á literatura e ás vidas que foram esquecidas.

Llivro «La sombra del Viento», Carlos Ruiz Zafón / «Mulher sentada», 1937, Pablo Picasso

Neste labirinto narrativo, as personagens femininas não surgem apenas como figuras secundárias, mas como símbolos profundos de uma luta silenciosa. Particularmente uma reflexão sobre Beatriz Aguilar e Penélope Aldaya, duas mulheres de tempos e contextos distintos, enfrentam os limites impostos pelo seu género, que com elas podemos comparar á pintura «Mulher sentada» de Pablo Picasso, que explora com a expressão artistica, tanto literária como visual, que revela os silêncios, fragmentações e as resistências da experiência feminina.

Na obra Beatriz Aguilar é representada como uma jovem inteligente, com desejo de liberdade, mas limitada pelas convenções da sociedade franquista espanhola. Ela será o par romântico da personagem principal que se chama Daniel, onde a sua relação não é apenas romântica, mas sim um grito contido contra a expectativa de obediência y submissão.

Beatriz não grita, mas escolhe, não se impõe mas resiste, nela existe uma inquietação moderna, uma urgência de viver de escapar do seu destino já traçado.

Noutro lado temos, Penélope Aldaya que encarna a tragédia da mulher, presa entre o amor e o controlo familiar. A sua história com o seu verdadeiro amor Julián Caraz é interrompida por muralhas reais e simbólicas como a sua familia, o tempo e o patriacado.

Penélope não tem voz direta no romance, mas conhecemos a sua dor, apenas pelos ecos e pelas ruínas do passado, mas no entanto ela presiste, como uma figura mítica, ela espera, sofre é apagada, mas contitua a ser uns dos centros de uma história que todos tentam compreender.

Ao observar a pintura «Mulher sentada», de Pablo Picasso, podemos encontrar nas suas linhas fragmentadas uma expressão visual deste silêncio feminino, a mulher da pintura está sentada, imóvel mas no seu corpo existe uma colagem de ângulos e sombras, como em Beatriz e Penélope, ela é uma de muitas, onde simbolizam a existencia de beleza e desordem, contenção e dor.

Picasso traduz o que Zafón escreve, a mulher como símbolo de profundidade não revelada, partida entre o que é e o que lhe permitem ser.

Estas personagens não são apenas complementos dos protagonistas masculinos, ela são os espelhos da memória, da perda e do desejo de liberdade, são tambem lembretes de que a arte, seja ela literária ou visual tem o poder de devolver a voz das mulheres que o tempo tentou calar.

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