Cupido e as fases do amor

A representação do amor que mais me causa reflexão, é o álbum Cupido da Tini. Este álbum é centrado no amor e as suas diferentes fases, e penso que a ajudou-a a ter ainda mais sucesso pela forma como nos podemos sentir identificados.

Cupido apresenta a visão de que o amor é inicialmente lindo e intenso com a música “Fantasí” e “Beso en las rocas”. Nesta última, Tini canta sobre como ela não precisa de dinheiro, nem nada material para ser feliz. Ela menciona que mesmo que ela pudesse fazer 3 desejos ao génio da lâmpada, o seu parceiro seria sempre o desejo dela, só precisa dele. É um amor que a faz sentir no céu e que nunca experienciou igual. Mas, de repente as coisas mudam e surgem músicas como o grande êxito “Cupido”. Percebemos que esse amor acabou, não por culpa dela, mas por culpa dele. Ela não esperava e nem percebeu o que se passou. Ela diz que não o consegue esquecer, que não há álcool que aguente a sua dor e que vai de mal a pior. Outras músicas como “Carne y hueso” focam também nessa dor e no arrependimento por terem sido amigos e agora, não o conseguir ser depois de tudo o que passaram, que ainda o ama “hasta los huesos”. Ambos os casos acontecem a muitos de nós.

Às vezes, magoamos as pessoas sem querer, o amor pode acabar sem muita justificação, é um sentimento muito complicado que às vezes se confunde com paixão, e sabemos que esta é apenas temporária. O problema em muitas relações é esta confusão. Na fase inicial do amor ou paixão, idealizamos a pessoa por gostarmos muito dela, mas a partir do momento em que a conhecemos melhor e vemos os seus defeitos, começamos a perceber que não é a pessoa que achávamos perfeita, esse é o grande problema da paixão. Só é amor quando conseguimos aceitar os seus defeitos e perceber que nós também os temos, a perfeição não existe. Na história do álbum da Tini, penso que o caso é este. Para a outra pessoa que de facto ama, é um sentimento horrível, a autoestima baixa muito, sentimos o nosso mundo a desabar e que nunca mais conseguimos ser felizes ou entrar noutro relacionamento. A experiência pode ser muito traumática e moldar-nos completamente. Temos medo de ser magoados outra vez, ficamos a pensar o que fizemos de errado à pessoa. Depois de ser deixados inesperadamente, ficamos a questionar-nos se alguma vez o amor foi real, se devemos nos sentir sortudos do que vivemos com a pessoa, ou os maiores azarados do mundo pelo final. Isto faz nos refletir sobre a capacidade de alguém nos amar e duvidamos do amor eterno. O amor deixa uma cicatriz para sempre. É importante tentar minimizar a dor e ser honestos com os sentimentos desde cedo, o que não acontece normalmente. Estas representações fazem-me refletir muito sobre o amor nesta geração, parece que piora com o tempo. Infelizmente, acredito que agora é algo mais carnal.

Por último, temos a fase da “aceitação”. Tini canta sobre ir sair a noite com as amigas e divertir-se, como por exemplo em “Bar”. Canta sobre a superação, como ele a magoava na relação e possivelmente pensava em outra. Tini já não sente nenhuma dor, reconstruiu-se enquanto ele voltou atrás dela em “Las Jordans”.

Concluindo, este álbum é uma representação fiel do amor atual, com prazo de validade. Tanto é mágico como nos deixa devastados. Já todos idealizámos alguém e, quando acaba, nem sabemos o que foi real. Apesar das feridas, eu ainda quero acreditar que o amor verdadeiro existe. Quero terminar com duas frases de que gosto muito e nos leva a refletir  “se amaste tanto a pessoa errada, imagina a certa” e “eu sei que o amor ainda existe, porque eu o sinto”

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